A minha prolongada ausência deve-se sobretudo à mudança de serviço que tive de fzr e à nova adaptação ao mesmo. O tempo escasseia e ando mais desactualizada que nunca.
De qualquer maneira ontem ouvi uma notícia q me deixou bastante preocupada...o encerramento do Hospital Maria Pia, no Porto, hospital direccionado para crianças com vários e graves problemas de saúde de vários pontos do País.
Um hospital que pode realmente não ser um luxo quanto a instalações, até porque o que interessa realmente, acho eu, não é o luxo mas sim principalmente as soluções apresentadas para cada caso específico e no no menor tempo possível de espera.
O Diogo nasceu com um "pequeno defeito no remate" como humoradamente lhe chamou o médico que o observou quando ele nasceu - teria de fazer uma pequena correcção no pénis pois o orifício para urinar estava um pouco mais abaixo que o normal, e que com o passar do tempo o único problema que resultaria daí seria o jacto da urina ser direccionado para o chão - desculpem-me mas os termos técnicos não os sei, daí eu explicar tal qual como me explicaram a mim.
Essa seria uma pequena intervenção, rápida e mt simples, que deveria ser feita por volta dos 3 a 4 anos, ainda antes de entrar para a escola para que o Diogo não começa-se a ser notados pelos coleguinhas e começar a ser gozado pela sua "diferença"
Como mãe claro que me preocupei sempre com a situação e aos 2 anos o Diogo ía entrar para o infátario (até esteve sempre com a vó materna) mas notava-se que era uma criança que apesar de feliz com a avó necessitava de convívio com outras crianças e também algumas regras que só num infantário é possível ter.
De acordo com o pediatra foi então decido enviar a documentação para o Maria Pia para dar andamento ao processo.
Em menos de 3 meses foi marcada a cirurgia. O Diogo foi a operar com 23 meses.
Como já sabia a cirurgia foi simples, o mais complicado foi mesmo o tempo de recuperação - 1 semana inteirinha sem se levantar para nada, nem mesmo para comer...Já naquela altura foi uma semana muito complicada para uma criança com a vida do Diogo (mas ainda bem que foi mesmo naquela altura porque se realmente espera-se até agora que ele fez 4 anos teria sido ainda muito mais complicado - o Diogo é uma criança hiperactiva).
Com vigilância 24 horas por dia, por profissionais sempre muito bem dispostos ( para além de mim que todas as noites passei lá acompanha-lo e durante o dia ía alternando com o pai e com a minha mãe a vigilância directa), não foi para um quarto particular porque achamos que também seria bom o convívio com outras crianças internadas na altura, tivessem elas os problemas que tivessem, fomos muito bem tratados e acompanhados por todos os funcionários do Hospital Maria Pia.
Nessa semana deu para perceber que muitas das crianças que lá estão, pode dizer-se, infelizmente, que a casa delas é aquela e que a casa dos familiares é apenas uma casa de férias...muitos de aldeias distantes, pois já passaram naquele hospital a maior parte das suas curtas vidas.
Ao saber da notícia do encerramento do hospital eu pergunto: Para onde irão todas aquelas crianças? Se o hospital é direccionado para elas porquê o encerramento dele quando não há alternativa?
Falo por experiência própria - aquele é um serviço que como qualquer outra tem deficiências mas que trata muito bem dos seus pequenos grandes (fortes) doentes.
